sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Olho atento


A seção olho atento é uma síntese de alguns acontecimentos importantes que saíram nas mídias. Serve como um exercício de leitura midiática uma interpretação, ou seja, uma visão exclusivamente minha, que ninguém , obviamente, precisa concordar.

Ao longo dessa semana diversos fatos me chamaram a atenção. Começo pelo sábado (20/02) em um link do Jornal Hoje do 4º Congresso do Partido dos Trabalhadores (PT) anunciava a aclamação da ministra Dilma como candidata do partido e a volta de José Dirceu ao Diretório Nacional, o destaque fica para a militância de fundo que gritava não muito entrosada o clássico, o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo, quase imperceptível no Ao vivo, mas que se nota no vídeo que está no YouTube, depois ainda sem muito entrosamento cantaram, quem não pula é tucano, até finalmente conseguir emendar um olê, olê, olê, olá, Dilma, Dilma, que simplesmente abafou a voz do repórter da Globo. Ao final da matéria, nos estúdios Zileide Silva aparece que um modelito vermelho, conseguiram dar um olé na Globo.

No domingo, o destaque fica para o Fantástico, que anunciou a cassação do prefeito da maior cidade da América Latina, Gilberto Kassab, em uma pequena nota ao final do programa, nota que se o telespectador não estivesse muito atento passaria despercebido a informação. Nem preciso perguntar o destaque que dariam se a prefeita fosse a Marta, por exemplo.

Na terça-feira, destaque para o jornal da família Frias, Folha de S. Paulo, que publicava na manchete um suposto envolvimento de Zé Dirceu, com a Eletronet, matéria que ganhou repercussão no Jornal Nacional a noite, porém foi desmentida pela Advocacia Geral da União (AGU) e pelo Estado de S. Paulo, a folha e a Globo se calaram sobre o tema.

Outro destaque foi a matéria publicada no blog do provocador, vinculado ao portal R7, que atacava ferozmente a Rede Globo pela sua omissão total na divulgação dos jogos olímpicos de Vancouver, o texto tem semelhanças com algumas ideias aqui expostas no dia  17/02 na postagem Globo, Record e os Jogos Olímpicos.

Para encerrar não poderíamos deixar de falar da revista VEJA, que tem como capa desta semana a presidenciável Dilma, em uma capa aparentemente sem muitas apelações. Porém, quando olhamos com mais atenção percebemos alguns detalhes interessantes, o principal deles é que tanto a capa, quanto a entrevista interna estão em preto e branco, o que dá a impressão de algo velho ultrapassado. E na capa a frase:
E após a matéria cheia de insinuações em relação a um futuro governo Dilma - só faltou a Regina Duarte aparecer e dizer que tem medo, como em 2002 – eis que surge uma matéria sobre Serra, calmo, límpido e sereno, com um enxadrista que espera a hora certa para atacar.

Por enquanto é isso, apesar dos 75 milhões de votos no paredão do BBB, ainda queremos acreditar que o povo brasileiro tem outras preocupações e que está atento a esses pequenos detalhes da nossa grande mídia.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Globo, Record e os Jogos Olímpicos


A TV brasileira se constitui basicamente de programação produzida em território nacional, apesar de muitos horários ainda serem ocupados por enlatados, estamos bem a frente de nossos hermanos latinoamericanos quando o assunto é a produção de programas . Não estou discutindo aqui a qualidade deste conteúdo, mas sim a sua origem.  

A maioria dos estudiosos sobre a TV afirma que as imagens emitidas pela Rede Globo se constituem em um emaranhado de imagens por meio das quais o Brasil se identifica e se reconhece, o que fica explícito no slogan Globo:  a gente se vê por aqui. Ou seja, a TV se transformou em um espelho do povo brasileiro, onde nos vemos todos os dias.

Essa situação tem enormes conseqüências. Em primeiro lugar, qual a imagem do país que vai ao ar? Sabemos claramente que não é a verdadeira, mas sim, a de um país higienizado, pacificado, no qual cada cidadão está no seu devido lugar. Segundo, essa situação nos enclausurou, de tal modo, que acreditamos que tudo que não existe aqui, é porque não existe em canto algum e é completamente absurdo (dois exemplos para ilustrar, o unicameralismo, ou seja, o fim do Senado, e o controle social do meios de comunicação, existente na maioria dos países desenvolvidos e democráticos).

Os jogos olímpicos de Vancouver transmitidos exclusivamente pela Rede Record se constituem em um pleno exercício de conhecimento da alteridade. Primeiro, mostrando ao povo brasileiro que existem dois jogos olímpicos (um de inverno e de verão) que não tem hierarquia entre si, mas o interesse de cada país. Para o Brasil, obviamente, os jogos de verão são mais importantes, mas o que não é verdade para o resto do mundo, como era vendido pela Globo.

Os jogos de inverno são um belo mapa dos donos do mundo, ou pelo menos de uma “ordem” que querem que nós acreditemos. Mas o fato de nunca os jogos de verão terem ocorrido em um país do Sul também é outro indicador. Que essa olimpíada sirva para demonstrar o quanto perdemos em conhecer a diversidade de nosso país, do mundo, e da complexidade das relações sociais, quando somos reféns de uma única mídia, de só uma emissora que domina hegemonicamente há 40 anos, e que completará 45 nesse ano. Talvez um leitor mais conectado a modernidade, bradará em frente a tela do seu computador, mas hoje temos a internet!!! Com certeza, caro leitor, temos a internet, eu, você, mas não 2/3 da população brasileira.        

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Em tempos de Kindle e iPad ainda nos falta o livro.


Como todo bom historiador, os livros são minha companhia diária. Estão comigo em casa, na faculdade, na fila do banco, no ônibus, ou seja, pra mim mais do que o Bradesco o livro é presença de verdade. Mas como um bom historiador tem de estar antenado com o seu mundo contemporâneo não pude escapar de imaginar o que será do meu ofício quando o Kindle e o iPad se transformarem em itens obrigatórios a prática da leitura. Mas será que isso acontecerá?




O historiador Roger Chartier aponta que a importância das inovações tecnológicas ligadas à prática da leitura não está no como ela se apresenta, na sua aparência, mas sim, no poder de modificação das práticas de leitura. Essa afirmação de Chartier me levou a pensar o que representam Kindle’s e iPad’s. E cheguei a provisória conclusão de que  de nada adianta essas maquininhas mágicas à uma população que ainda está se habituada com o livro.  


Hoje, enquanto o iPad surge como uma revolução, podemos afirmar que no Brasil a revolução não será lida, pois não temos bibliotecas em todos os municípios, ou seja, de um lado um meio que visa a substituir o livro e de outro o meio onde o livro ainda não chegou. São nesses lugares do Brasil que a “lógica da evolução tecnológica” se inverte e se você perguntar se a pessoa viu um livro ela irá responder: sim, pela televisão!  


E quanto a afirmação de Chartier: o Kindle e o iPad alteram alguma coisa na prática de leitura? De forma substancial não. Altera, talvez, o estilo, dando ao leitor um ar moderno e arrojado seja com o visual clean do Kindle ou com as curvas brilhantes do iPad. Porém, os livros continuaram da mesma forma, páginas, páginas e páginas... o iPad sequer comporta a multitarefa, prática que a web nos habituou, janelas e mais janelas para o mundo.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

O debate não pode parar

Conforme anunciado neste blog e no twitter iniciarei as atividades desse mais novo espaço de debate e reflexão sobre o universo midiático a partir de amanhã (15/02). O Debatendo a Mídia vem para cumprir uma função muito importante dentro de qualquer sociedade, a de discutir acerca de seus meios de comunicação, entendendo meios, como toda e qualquer ferramenta que homens e mulheres utilizem com o objetivo último de se comunicar.

A comunicação está atrelada a existência humana, é só lembrarmos do sinal de fumaça ou das escritas nas cavernas. Sendo assim é essencial que se compreenda a comunicação dentro do que na história denominamos longa duração. Muitas vezes nos deslumbramos que algumas esquisitices tecnológicas que encantam nossos olhos e nos fazem sonhar. Porém, para entendermos o verdadeiro impacto de tal invento e se este resistirá ao tempo temos de compreendê-lo dentro desse processo histórico.

Por esses, e outros inúmeros motivos de ordem pessoal, que compartilharei neste espaço com meus corajosos interlocutores, é que criei este blog. E espero que ele crie novas coisas dentro de nossas cabeças e nos ajude a compreender um pouquinho melhor esse admirável mundo novo.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Estamos chegando...

Iniciaremos nossas discussões a partir do dia 15 de fevereiro.

Enquanto isso estamos no twitter

http://twitter.com/well_amarante