Ontem, assistindo ao Mais Querido na
Padaria do Alex, point do futebol ao vivo em Assis, presenciei um comentário
interessante, um senhor, de aproximadamente 65 anos, exclamou: “Que coisa é o
futebol hoje, a gente pode ver o jogo que quiser, na minha época tínhamos de
esperar até quarta-feira para vermos os gols!”.
Essa fala evidencia ao menos três
aspectos do desenvolvimento do futebol e de sua relação com a televisão: sua
evolução como um negócio lucrativo; o espaço que o esporte passou a ocupar nas
telinhas; e por fim as modificações tecnológicas na televisão.
Os esportes veiculados pela
televisão alcançaram um status tão
elevado, que em termos de estudos acadêmicos merecem especialistas próprios,
ocupados exclusivamente com a interface esporte e mídia. Isso é fruto da
própria evolução do esporte de alto nível, que se tem toda uma lógica de
espetáculo. Um texto lapidar a esse respeito é o de Pierre Bourdieu sobre os
Jogos Olímpicos.
A TV Tupi foi responsável pela
primeira partida de futebol veiculada pela televisão brasileira. Os
telespectadores da capital paulista puderam acompanhar, diretamente da cidade
de Santos, a disputa entre o alvinegro praiano e o Palmeiras. O jogo, válido
pelo campeonato paulista, acabou 3 a 1 para o Santos.
Outro dado interessante na
relação futebol e televisão foi a transmissão da Copa do Mundo na Argentina, em
1978, pela TV Cultura de São Paulo. Isso mesmo, o torneio de futebol mais
importante do mundo já teve seus direitos de transmissão exclusivos de uma
emissora pública.
O SBT, a emissora do Silvio
Santos, sentiu o poder do futebol, quando conquistou sua maior audiência na
história com a emissão do jogo entre Grêmio e Corinthians final da Copa do
Brasil em 1995.
Atualmente, como bem afirmou o
senhor na padaria, é possível assistirmos aos jogos que mais nos apetecem. As
câmeras de alta definição estão espalhadas pelos principais gramados do país, “cansamos”
de ver os gols nos diversos programas de esporte ao longo da semana. Porém,
ainda estamos longe do cenário ideal e com a chegada da Copa do Mundo seria o
momento de darmos um salto de qualidade.
Dada a precariedade de nossos
estádios ainda presenciamos uma presença vergonhosa de público, nas novas
arenas, onde há condições mais confortáveis de acompanhar os jogos os preços
dos ingressos são abusivos. E seja no estádio de arquibancada de concreto, seja
no estádio de arquibancada de plástico, ainda presenciamos cenas de violência,
como as vistas tanto no antigo estádio do Morumbi, na partida entre São Paulo e
Corinthians, quanto no moderno Estádio Nacional, na partida de alguns meses
atrás entre Vasco e Corinthians.
Esperamos que o futebol continue
sendo transmitido aos quatro cantos do Brasil, mas que deixe de ser exclusivo
de algumas poucas emissoras. E que isso não impeça que nosso torcedor frequente
os estádios. Que deveriam ser confortáveis e ter um preço justo. Afinal, o
futebol não é um espetáculo tão raro assim – ocorre duas vezes por semana ao
longo dos 12 meses do ano.
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